sábado, 5 de novembro de 2005

Ainda há uma esperança

"Eu vejo futuro no socialismo. Digo mais, dentro de não muitos anos todos seremos socialistas por instinto de sobrevivência, não por ideologia. Os recursos da terra serão tão escassos que ou os administramos de forma eqüitativa ou não haverá para ninguém. O capitalismo está chegando a seu limite" (Leonardo Boff, em entrevista ao jornal espanhol El País).

sábado, 22 de outubro de 2005

Houston, we have a problem...

"A ciência, coitadinha, tão certinha, tão cheia de pesquisas e de verdades, sabe como levar o homem à lua, mas não sabe como fazer o homem amar". Rubem Alves

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

O horror da predestinação calvinista

"Seu interesse [de Calvino] está exclusivamente em Deus, não no homem; Deus não existe para os homens, mas os homens existem por causa de Deus. Toda a criação, até mesmo o fato, indubitável para Calvino, de que só uma pequena parcela dos homens seria escolhida para a Graça, só poderia ter significado como um meio para a glória e majestade de Deus. Aplicar os padrões mundanos de justiça a Seus soberanos decretos seria desprovido de sentido e até insultuoso para Sua Majestade, uma vez que Ele, e só Ele é livre, isto é, não está sujeito a nenhuma lei. Seus desígnios só podem ser por nós entendidos, ou mesmo conhecidos, à medida que seja do Seu agrado revelá-lo a nós. Só podemos nos ater a esses fragmentos de verdade eterna. Tudo o mais, até mesmo o significado de nosso destino individual, está envolto em tenebroso mistério que seria impossível esclarecer e presunçoso questionar. Lamentar o próprio destino seria para o condenado o mesmo que seria para os animais deplorarem o fato de não terem nascido homens. Tudo o que é da carne está separado de Deus por um golfo intransponível, e merece d'Ele apenas a morte eterna, a menos que Ele tenha deliberado diferentemente, para a glorificação de Sua Majestade. Sabemos apenas que uma parte da humanidade será salva, e o resto será condenado a supor que o mérito ou culpa humanos desempenhem um papel na determinação de seu destino, que seria considerar que os decretos divinos, absolutamente livres e estabelecidos para a eternidade, fossem passíveis de mudanças pela influência humana, o que é uma contradição impossível.

O Pai do Céu do Novo Testamento, tão humano e compreensivo, e que se regozija com o arrependimento de um pecador, como uma mulher com a moeda de prata perdida e reencontrada, desapareceu. Seu lugar foi ocupado por um ser transcendental, além do alcance da compreensão humana, que com Seus decretos incompreensíveis decidiu o destino de cada indivíduo e regulou os mínimos detalhes do Universo para a eternidade. E uma vez que Seus decretos são imutáveis, a Graça seria tão impossível de ser perdida para aqueles a quem a concedeu como impossível de ser obtida para aqueles a quem negou. Essa doutrina, em sua extrema desumanidade, deve ter tido, acima de tudo, uma conseqüência para a geração que se rendeu à sua magnífica consistência: um sentimento de incrível solidão interior do indivíduo."
(Max Weber, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Cap. IV, § 17-18)

Quanto à soberania de Deus, não me resta dúvida. O meu problema reside em admitir uma esquizofrenia divina.

domingo, 18 de setembro de 2005

Capitalismo

"O trabalhador é tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais cresce sua produção em potência e em volume. O trabalhador converte-se numa mercadoria tanto mais barata quanto mais mercadorias produz. A desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas. O trabalho não apenas produz mercadorias, produz também a si mesmo e ao operário como mercadoria, e justamente na proporção em que produz mercadorias em geral." Karl Marx

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Autocrítica

“Eu 'pego no pé' dos cristãos porque sou um deles, e não vejo motivos para fingir que somos melhores do que somos. Eu luto contra as garras da falta de graça em minha própria vida. Embora eu não perpetue a severidade de minha criação, luto diariamente contra o orgulho, a inclinação para julgar e um sentimento de que, de alguma forma, devo obter a aprovação de Deus.” Philip Yancey

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Quero ser otimista por Ricardo Gondim

Já reclamaram do meu pessimismo. Alguns protestam que meus desencantos não condizem com a fé. Tudo bem. Tentarei ser mais otimista.

Ando impressionado com o compromisso missionário da fantástica indústria da música gospel. Quão admiráveis são os shows da fé. Os empresários que caçam talentos realmente se preocupam em transformar seus artistas em verdadeiros adoradores. Os produtores não ambicionam lucros, mas em mudar o Brasil através da música.

Cada dia fico mais admirado com os conteúdos dos sermões evangélicos. Noto que há uma grande preocupação, entre a maioria dos pastores, de anunciar as boas novas do evangelho. A abundância dos expositores das verdades bíblicas torna esta pátria um celeiro de grandes tribunos. Que maravilha observar como os evangelistas nacionais são teológicos e como os teólogos são evangelistas. Há uma fartura de oradores do calibre de João Wesley, A. W. Tozer, Spurgeon e tantos outros grandes pregadores do passado.

Causa admiração ver a igreja brasileira copiando os projetos americanos de gerenciamento eclesiástico. Aprender administrar a igreja como fazem os pastores das mega igrejas do norte é empolgante. Dá vontade de bater palmas quando se observa pequenas igrejas das periferias pobres buscando imitar as ricas comunidades suburbanas do país mais opulento do mundo.

É preciso reconhecer que nem tudo o que se faz entre os evangélicos é copiado. Existe muita criatividade nas igrejas legitimamente brasileiras. Os vales de sal grosso, a água pura de cachoeira, as rosas e as espadas fomentam uma fé sem paranóias, neuroses e outras patologias religiosas. Todos deveriam celebrar que em um mega evento recente foram distribuídos seiscentos mil bolos para comemorar o aniversário de um grande servo de Deus, principalmente quando se sabe que sal ungido fazia parte da receita do bolo. O sal não servia para temperar, mas para transformar as pessoas em melhores testemunhas de Cristo.

Fico admirado cada vez que um novo líder recebe a unção de apóstolo e em cada programa de rádio que se propagandeia os jejuns de um bispo. Quero pular de satisfação quando ouço alguém falando em línguas na televisão. Quanta humildade! Os milagres acontecendo a granel e que são alardeados com tanta freqüência devem ser fruto dessa piedade profunda.

Entendo a nobreza do silêncio de muitos pastores diante de pequenas bobagens que talvez infestem as igrejas. Eles acreditam que quando se está ganhando almas, não é ruim mentir em nome de Deus, manipular em nome de Jesus e extorquir em nome do Espírito Santo.

Verdadeiramente procuro me animar e ser otimista. Tento me convencer que esse evangelho midiático promoverá um glorioso avivamento religioso e que o Brasil será exemplo para o mundo.

Só não compreendo porque não consigo tirar o evangelho de João da minha cabeça. Aquela cena, Jesus virando as mesas do templo, de repente, fica tão nítida. Parece que ouço o estalar do chicote expulsando os cambistas. Acho que estou delirando.

Soli Deo Gloria.