terça-feira, 31 de julho de 2012

No princípio era a Bíblia

Por Jean Lauand, titular sênior da FEUSP e professor titular do Programa de Pós-graduação em Educação da UMESP.

As expressões cotidianas que tiveram origem na Bíblia, mas nem sempre nos damos conta

Quais são os grandes referenciais de comunicação comuns a todos os brasileiros? Ao contrário de outros países e épocas, não temos clássicos que todos tenham lido; nem riquíssimos repertórios de provérbios, que, no Oriente, são conhecidos por qualquer criança. Não são patrimônio de todos episódios da história pátria, que possam ser trazidos para aplicação a outros casos. Nem um Alcorão, que nos países árabes abastece de metáforas e frases feitas os diversos setores da vida secular.

Para nós, o futebol é de longe o principal fornecedor de metáforas e expressões para a vida cotidiana: situações políticas, econômicas, afetivas, profissionais etc. são rapidamente compreendidas por meio do recurso a seu amplíssimo repertório. Um par de exemplos, de comunicação aparentemente difícil, mas que se tira de letra, bem e rapidamente, evocando o futebol.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sonhar, realizar o sonho, sonhar mais alto: cultura e revolução em Slavoj Zizek

Por Demétrio Cherobini, cientista social e educador.

Uma transformação social de grande envergadura pode ser considerada pejorativamente, por muitos, um sonho. Pode ser sonho ingênuo, do ponto de vista dos senhores da ordem, uma condição em que superamos um modo de vida no qual existimos como meros meios para fins que nos são alheios. No entanto, há que se levar em conta, são sonhos que não emergem isoladamente nem são eventos acidentais no fluxo constante que é a história.

O que é, pois, sonhar? O que é que são os sonhos (diurnos ou noturnos)? Por que, afinal, sonhamos e desejamos tão ansiosamente, tão entranhadamente a emancipação que nos escapa? O que sabemos, de fato, pela simples constatação empírica diária, é que esse fenômeno existe, é que sonhamos e frequentemente sonhamos acordados (devaneamos). Em algumas situações, na realidade, chegamos a estar face-a-face com o objeto dos nossos sonhos. No entanto, raras são as vezes em que os tocamos. E mais raras ainda são as vezes em que com eles conseguimos permanecer. Por que isso acontece?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

No Brasil, Alain de Botton critica elite, caos de SP e desigualdade

Por Marco Aurélio Canônico.

O Brasil passou uma semana de Geni na mão de celebridades estrangeiras por aqui.

Depois de o músico e empresário Perry Farrell acusar o país de não ter educação musical --que ele estaria trazendo com seu festival Lollapalooza--, o filósofo Alain de Botton desandou a tuitar comentários pouco lisonjeiros que deram o que falar.

Reclamou da chuva, da feiura das cidades, dos atrasos no aeroporto; chocou-se com a elite paulistana, com a "profunda desigualdade" do país e reproduziu comentários pouco elegantes sobre alguns de seus anfitriões.

Quando conversou com a Folha, na manhã de ontem [25/11/2011], Botton já estava mais bem impressionado --gostara muito do Rio, onde foi da mansão Moreira Salles ao Complexo do Alemão.