sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Superando a mentalidade "Converta a todos"

Autor: Josh, 26/Julho/2009 | Tradução: Marcelo Carahyba

Assim que deixei a fé há um ano e meio, observei antigas ideias alterando-se na minha mente sistematicamente. Uma dessas ideias era a mentalidade que diz que eu deveria estar sempre prestando atenção (preocupado) sobre o que outras pessoas "pensam".

Lembro-me das igrejas e escolas Protestantes gastarem um tempo enorme com o dedo apontado para o vento da cultura, constantemente em alerta. Cada pequena mudança na cultura, ou filosofia de fora da igreja, deveria ser trazida ao conhecimento das pessoas na igreja e criticada para a "edificação" geral. Particularmente recordo de passar muito tempo discutindo o "pós-modernismo", porque é ruim, como é ruim, como podemos contrariá-lo, e como podemos testemunhar aos confusos pós-modernistas.

De muitas maneiras, sinto que alguns comentadores cristãos neste blog fazendo isso. Eles estão aqui para "espiar" porque as pessoas estão deixando a fé, para ter uma noção das mudanças na cultura que fazem a igreja perder membros. Não os culpo por fazer isso. Se alguém possui a Verdade Absoluta do Universo em seu poder, é simplesmente natural que proteja isso - e a si mesmo - de qualquer "vã filosofia" que o mundo oferece.

Mas este post não é para eles, é para aqueles que estão deixando a fé e sentem um enorme - e talvez debilitante - responsabilidade de converter ou imunizar todos ao seu redor do Cristianismo. No tempo que passei perseguindo blogs de ex-cristãos, vi que há, por um período, uma tendência de militância anti-cristianismo por parte das pessoas que estão gravemente feridas por essas crenças e tentam proteger todo mundo de um destino semelhante. Eu mesmo passei por este período.

Mas, outro dia, me dei conta de que não tenho mais o peso das ideias do mundo em meus ombros. Não é mais minha responsabilidade saber o que todo mundo pensa, encontrar os erros em seus pensamentos e crenças, imunizar-me das mesmas, e "gentilmente" e com "respeito" corrigi-los por estar em oposição à "Verdade". Eu sinto que um enorme peso foi tirado de meus ombros.

Eu não tenho mais que acreditar em tudo "certo". Eu não tenho mais que andar por aí como um policial de ideias, me certificando de que todo mundo acredita em tudo "certo".

Recentemente tive numerosas oportunidades para sair com amigos que nunca estiveram envolvidos em igrejas. A paz em seus olhos é tão aparente. Eles não estão sobrecarregados com ansiedades associadas a crenças e a dilemas existenciais de terceiros. Eles não olham para todos à sua volta e, secretamente, pensam que estão sofrendo de um profundo vazio em suas almas. Eles apenas não se importam com isso. O que outras pessoas acreditam é problema delas, e não deles.

O que outras pessoas acreditam é da conta delas, não minha.

Como cristão, fazia um esforço consistente e consciente para verter todas as conversas em uma "oportunidade" de "aproveitar bem o tempo, porque os dias são maus". Isso, para mim pelo menos, tinha produzido a mentalidade "converta a todos" que ainda existia há algum tempo, mesmo depois de ter deixado a fé.

Mas esta atitude é algo que o Cristianismo me ensinou e se eu realmente desejo aproveitar minha vida e retirar a velha pele de Cristianismo, esta é uma atitude que não quero. Se QUERO converter outras pessoas, ok. Mas a carga - que vem do sentimento de que eu TENHO que converter os outros - pode ir embora.

E isso trouxe uma sensação ainda mais profunda de liberdade. O Cristianismo é escravidão à escravidão: da escravidão ao pecado à escravidão a Cristo. A liberdade que vem de ser escravo de nada é incrível. (E para aqueles cristãos que vão dizer que agora sou um escravo do pecado - e não o sabem - minha resposta é simples: se a escravidão do pecado é tão impotente que não posso nem percebê-la, então não me importo que seja um escravo do pecado).

De qualquer forma, outras pessoas vão acreditar no que quiserem, e aqueles que são ingênuos o bastante para cair no Cristianismo não são de minha responsabilidade divinamente dada. Pelo menos eles não irão para o inferno por acreditar em algo errado.

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