sexta-feira, 18 de março de 2011

1926, Appoio moral

Por Paulo Brabo


“Assim como foi pela fraqueza da mulher que Satanaz logrou arruinar a raça, assim outra vez, no fim dos seculos, o mesmo inimigo está fazendo seu esforço derradeiro – pelas mulheres.”

O grande paradoxo do cristianismo é que os mesmos que professam-se seguidores daquele que disse “não julgueis para que não sejais julgados” (Mateus 7:1) mostram-se (na maioria histórica das vezes) os primeiros a emitir os julgamentos mais mesquinhos, preconceituosos, precipitados e injustos – e não acham dificuldade em encontrar outros crentes que se apressem em concordar com esses seus julgamentos.

“Esta ultima manifestação do desequilibrio feminino – de cortar os cabellos – é das peiores e das mais significantes.”

O grande paradoxo do cristianismo é que historicamente a ninguém mais do que os cristãos aplicam-se as críticas e advertências ferozes que Jesus promulgou contra os fariseus, que davam “o dízimo da hortelã, do endro e do cominho”, mas negligenciavam “o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé” (Mateus 23:23) – isto é, preocupavam-se com ninharias ao mesmo tempo em que davam as costas à essência da mensagem: “coavam o mosquito e engoliam o camelo” (Mateus 23:24).

“Não deixa de ser um revolta, uma espécie de Bolchevismo feminino.”

As tentações do cristão não são, aparentemente, as paixões da carne, mas as do espírito: tolerar o erro em si mesmos e condená-lo sem misericórdia nos outros; confundir os sinais da passagem do tempo com sinais dos fins dos tempos; desonrar a memória do seu Mestre recusando-se a aprender de fato com ele; manchar a obra do seu Salvador usurpando o papel que ele mesmo permanece adiando assumir, o de Condenador e Juiz.

Leia o texto completo da carta de 1926 da qual extraí as passagens em destaque acima.

Curioso é que um cristão evangelicamente correto dos dias de hoje fatalmente julgará os argumentos e as conclusões do autor da carta muito rasos, obtusos e inconsistentes à luz da mensagem mais abrangente da Bíblia; ignoro se seremos capazes de avaliar tão rigorosamente e com tamanha lucidez os nossos próprios julgamentos – hoje.

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